O presidente nacional da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, criticou hoje (27) o teor da Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin) da Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB), prevista para ser julgada amanhã (28) pelo Supremo
Tribunal Federal, que, segundo ele, busca um "retorno às trevas e à
escuridão", fazendo com que o Judiciário volte a ser a caixa preta e
hermética que foi no passado. "Será um grave retrocesso, uma vez que o
Conselho Nacional de Justiça abriu o Judiciário, deu-lhe transparência,
sobretudo com as punições que efetivou. Essa Adin tem como objetivo
fazer com que o Judiciário volte a ser uma caixa preta, cenário com o
qual a OAB não pode concordar".
Ophir se refere à Adin da AMB contra o teor da resolução
135,
editada pelo CNJ para uniformizar os procedimentos em todo o país
relativos à atuação administrativa e disciplinar dos juízes, regulando
os procedimentos a que são submetidos juízes acusados de atos de
irregularidade. A AMB defende que o CNJ não tem competência para tanto,
entendimento que é rechaçado pelo Conselho Federal da OAB, que está se
habilitando na Adin na condição de amicus curiae (amigo da causa).
Na
avaliação de Ophir Cavalcante, ao se tentar retirar do CNJ o poder de
punir, a Adin, caso seja aprovada, também significará um retorno ao
estágio de irresponsabilidade geral que antes havia no que toca à
correição dos atos do Judiciário. "Caso essa Adin seja aprovada,
retirar-se-á da sociedade o controle e a fiscalização que vem sendo
feito com muita responsabilidade pelo CNJ".
O presidente
nacional da OAB foi taxativo ao afirmar que as Corregedorias dos
tribunais as quais a AMB busca privilegiar por meio da Adin
historicamente se mostraram ineficazes no exercício de fiscalizar atos
irregulares cometidos por magistrados. Tudo em razão do corporativismo.
"Todas as vezes que receberam denúncias contra os integrantes da
magistratura, simplesmente as arquivavam, sem levar à frente as
investigações", afirmou Ophir. "O Judiciário só será forte se tiver um
órgão de controle externo que possa fiscalizar os seus atos".
Veja a seguir a íntegra da manifestação do presidente nacional da OAB sobre a Adin da AMB:
"Essa
Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB) é um retrocesso para a Justiça brasileira.
O Judiciário só será forte se tiver um órgão de controle externo que
possa fiscalizar os seus atos. As Corregedorias dos tribunais as quais a
AMB quer privilegiar por meio dessa Adin historicamente se mostraram
ineficazes no exercício de fiscalizar os atos irregulares cometidos por
magistrados em razão do corporativismo. Todas as vezes que receberam
denúncias contra os integrantes da magistratura, simplesmente as
arquivavam, sem levar à frente as investigações.
O CNJ quebrou
com isso e passou a incomodar as estruturas de poder no Judiciário,
sobretudo nas Justiças estaduais. Essa nova realidade provocou uma
reação forte contra o CNJ em sua criação e agora isso se repete em
função da série de condenações que o CNJ vem promovendo na parte
disciplinar a dirigentes de tribunais envolvidos em atos de corrupção.
Por
esse motivo, não se pode concordar com o teor dessa Adin. A OAB agora
se habilita na ação na condição de amicus curiae, exatamente para
defender a manutenção do poder disciplinar do CNJ.
Essa Adin da
AMB fará com que haja um retorno às trevas e à escuridão no Judiciário.
Será um grave retrocesso, uma vez que o CNJ abriu o Judiciário, deu-lhe
transparência, sobretudo com as punições que efetivou. Essa Adin tem
como objetivo fazer com que o Judiciário volte a ser uma caixa preta,
cenário com o qual a OAB não pode concordar.
Ao se tentar
retirar do CNJ o poder de punir, isso também significará um retorno ao
estágio de irresponsabilidade geral que antes havia no que toca à
correição dos atos do Judiciário. Caso essa Adin seja aprovada,
retirar-se-á da sociedade o controle e a fiscalização que vem sendo
feito com muita responsabilidade pelo CNJ"